quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Resolvi me mandar do Facebook

Eu tinha um perfil criado no FB há tempos, mas não o usava. No semenstre passado (segundo/2011) eu resolvi começar. No início achei legal e passei a acessar mais de uma vez por dia, ocasionalmente postando coisas que achei legal por aí, curtindo posts, enfim, usando como todo mundo faz.

Mas... depois de uns dias, já comecei a achar a coisa toda meio sem graça. E aí comecei a observar a ideia com um olhar mais crítico, e cheguei às seguintes conclusões:

- Consultando os meus próprios posts, vi que algumas vezes escorreguei para a mediocridade (no sendido menos ruim da palavra, de coisa comum), talvez pelo hábito de acessar sempre e aparecer uma conspulsão por escrever algo. No tempo da minha mãe, quem falava demais dava bom dia a cavalo. Hoje não há cavalos nas ruas para se cumprimentar, mas...

- Em pelo menos um post passei uma impressão totalmente equivocada sobre algo que penso, pelo fato de escrever no calor da hora. Aí me lembrei que já vi pessoas protestando na internet por, ao pesquisarem a si próprios no Google, acham coisas que disseram no passado, em entrevistas a jornais, e que hoje não mais representam sua posição.

É como digo, "penso, logo, mudo de ideia".

- Esse direito a mudar de ideia é um direito essencial, embora a gente não ligue muito. Confesso que já gostei de 14Bis, SuperTramp, cachaça Coquinho... e não me orgulho disso. E essas são as que tenho coragem de confessar. Agora imaginem num horizonte mais amplo: nos anos quarenta, no Brasil, ser simpatizante do Hitler, do Mussolini, ser machista, racista, anti-semita e se dizer fã da eugenia era muito chique! Muita gente boa que hoje é estudada nos nossos livros flertou com essas ideologias, mas a história foi generosa com eles e "apagou" ou minimizou essa fase. Ah, se tivesse Facebook na época!

- Depois comecei a ver as mensagens dos amigos. Notei que estes, sob o olhar de alguém que os conheça exclusivamente pelo Facebook são diferentes da imagem que tenho deles. E hoje deve ser comum, por exemplo, vc conhecer pessoalmente alguém que já "conhecia" de longa data pelo Facebook. Já aconteceu comigo, que sou calouro... resumindo: o que vejo no Facebook a respeito de mim e das pessoas que conheço pessoalmente no Facebook são retratos 3x4 de amigos 9x12.

- E pelo andar da carruagem (carruagem, cavalos... ando retrô, hoje) isso só vai é piorar. Daqui a pouco a existência das pessoas vai se dar no mínimo tanto no Facebook quanto "na real". Daqui a pouco vai ter gente postando" "Noooosssa, agora que sou seu amigo no Facebook, te conheço tããããooo melhor!" Vocês acham que exagero? O Facebook esse ano vai atingir 60% dos usuários de internet nos Estados Unidos!

- Por fim, hoje li a notícia da abertura de capital do Facebook. Veja a opinião de um entendido:

Segundo Fernando Belfort, analista brasileiro da consultoria Frost & Sullivan, o IPO bilionário do Facebook é resultante do "enorme potencial visto pelo mercado na exploração do ativo mais valioso da empresa, seu banco de dados com as informações dos usuários".

No entanto, para Belfort, "a questão da privacidade é a grande barreira enfrentada pelo Facebook atualmente".

Privacidade é a barreira?? O obstáculo?? O que vcs acham que esses caras, depois de pulverizar o capital na mão de milhares de investidores ávidos por uma grana, vão fazer com as "barreiras", meu Padim Ciço Rumão Batista????

Tô fora. Para bater um papo, trocar uma ideia, tomar uma cerveja, caminhar no parque, brincar de Arduíno, pegar um livro emprestado, enfim, assismauro@hotmail.com, ou no cel. de sempre.

Este perfil se autodestruirá no fim da semana. E eu torço, claro, para que ele seja realmente apagado, o que eu duvido. Mas pelo menos se alguém no futuro comprá-lo e vier a me confundir com meu avatar, vou poder dizer: "ah, sinto muito, moço, esse era eu na época em que ainda existia..."