terça-feira, 23 de agosto de 2011

Celebridáchi

O benefício óbvio de se viajar é conviver com o novo. Novas paisagens, pessoas, climas, comidas, bebidas, sensações, climas... ponto.
Mas tem outros, também. Um deles é passar por uma situação no destino que é comum para vc, mas por estar fora do contexto faz com que a gente veja o próprio comportamento de maneira bem diferente. Enrolado? Me explico, com dois exemplos:
Fiquei preso num hotel na Finlândia por algumas horas, num domingo à noite. Lá fora um frio do cão (coisa de uns -20 prá lá), à noite, no meio do nada. Internet a 10 euros a hora, restou-me a TV.
Um único canal, onde passava uma corrida de charretes na neve, charretes essas puxadas por equipes de cachorros, num circuito oval.
Não era lá a coisa mais legal do mundo prá se ver, mas...
Findo o certame, apareceram dois caras que ficaram DUAS HORAS comentando a corrida (que durou uns 15 min). Passaram todas as ultrapassagens em câmera lenta, comentando as passadas dos animais (e como eu sei disso, já que não sei nem tussir em finlandês? Porque nessa aparecia uma régua para medir a passada do cachorrão).
Resumo: nunca vi troço mais chato na vida.
A partir daí, passei a rir de mim mesmo toda vez que saía do Mineirão após uma vitória do Glorioso Celeste das Minas Gerais e ficava por umas TRÊS HORAS escutando, pelo rádio, aquilo que chamo de Papo de Bola. Ainda faço até hoje, pela Itatiaia via internet, mas que é ridículo lá isso é. Se um finlandês me visse...
Bom, e acá en Chile?
Comprei ontem, domingo, dois jornais: El Mercúrio (espécie de Folha de São Paulo local) e o La Quarta, que na escala trash está abaixo do nosso Super de BH, mas bem acima um Notícias Populares, esse sim o Santo Graal da baixaria. Uma vez publicaram foto do Maradona pelado, tirada no vestiário de um Brasil e Argentina, e escreveram embaixo: “Maradona, bom de bola, ruim de taco”. Os caras chegam a mexer nos cadáveres, em cenas de crimes, prá aumentar o impacto das fotos... enfim, um clássico.
De volta ao La Quarta, a matéria principal era “Remate em El Passapoga: !Qué Choro! Hotuiti se Quedó con El Cano”. Com direito a chamada de capa a ocupar 80% desta, e ocupando todo o espaço mais nobre do jornal, estava a história de Hotuiti, uma dessas modelos-celebridade que pululam em nosso noticiário. Uma senhora um tanto quanto entrada em anos, diga se de passagem, mas ainda com as curvas bastantes em dia. Nas fotos a dita se enrosca com competência naqueles postes de pole dance. E a notícia era que sua (dela) cara-metade arrematou em leilão todos os postes de mais um famoso inferninho, o tal El Passapoga, que sucumbe vítima da especulação imobiliária ou seja, do culto ao vil metal. O fez, vejam que meigo, para regalo da musa. É na certa um desses cavalheiros sempre dispostos a satisfazer os mais singelos desejos da amada, desses que não mais se encontram.
Por nunca ter visto mais gordo o maridão muito menos a senhora, fica muito mais ridículo, e claro, divertido ler o texto. Aí de repente...
- CABONG!
Entra a voz da consciência: “e quanto a você, que sabe até que o marido da Galisteu gosta de umas partes mais peludinhas, outras mais lisinhas? E também que o playground de Seu Lucas Lima se estende por dantes inimaginadas paisagens?”
Ou seja, “No comments”, teclaria aquele colunista social. “Apenas más de lo mismo”, diria com enfado um argentino.
O texto, cheio de gírias, é pedreira prá entender, nem São Google ajuda. Tive que fazer um tira dúvidas com o Christopher, que riu um bocado pelo meu interesse por tão erudita publicação.
Para terminar, um vídeo muito legal com celebridades americanas (infelizmente só em inglês):


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