sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Politics

Pelo que andei lendo e ouvindo no rádio por estes dias, o momento político aqui pode estar antecipando o que acontecerá no Brasil quando o lulismo se for.

A ditadura militar chilena, se por um lado disputou com a Argentina o posto de mais violenta e covarde da historia latinoamericana, por outro lado foi bastante bem sucedida na área econômica. Pinochet foi substituído por uma série de governos mais à esquerda, mas que mantiveram a austeridade fiscal e o controle da inflação, mas também com um viés social. Interessante que o mundo atribui a invenção dessa forma de governo ao nosso Luiz “Nunca Antes Na História Desse País” Inácio, mas isso aconteceu primeiro cá no Chile.

Disso resultou um país que tem déficit em conta corrente de uns 2% do PIB, inflação controlada, credor líquido em suas contas externas e com uma percepção de risco muito baixa em relação a “todos nosotros en Latinoamérica”, e até melhor que a da França. Tudo isso há décadas.

Acontece que a Concertación, grupo de partidos de esquerda que vinha ganhando as eleições desde que Seu Pinochet caiu fora, perdeu as últimas eleições para a direita local. E a turma da esquerda (“de quem vai ou de quem vem?”, perguntaria Millôr), inconformada, partiu para uma oposição feroz e ao que me parece inconsequente, mais esquizofrênica que  o PT no governo FHC. Conseguiram mobilizar os estudantes que “tomaram” as escolas (e já incendiaram duas delas, completamente destruídas), e convocaram para hoje e amanhã uma greve geral, liderada pela CUT (!!) contra “tudo isso que está aí”. Essa greve tem um apoio cínico dos partidos da Concertacíon (li várias entrevistas de seus líderes), até porque o governo Piñera acabou de completar um ano e meio, sem nenhuma mudança radical nos rumos que herdou do governo “das esquerdas”.

O governo Piñera tem reagido com muito cuidado a tudo isso. Fez concessões aos estudantes, reprimiu as depredações sem tentar forçar a desocupação das escolas, e tentou a todo custo evitar a greve, mas a coisa tá bem radicalizada. Tem estudantes em greve de fome a mais de mês.

Bom, e daí?

Eu acredito que no nosso Brasilzão, quando o lulismo passar, o poder será ocupado por um time mais à direita, pelo desgaste natural e também porque Nosso Guia e Senhor (com diz Celso Amorim) atribui a si mesmo tudo de bom que aconteceu no Brasil não só em seu governo, mas desde que as Caravelas aportaram na idílica Porto Seguro. Ou seja, (óbvio) o lulismo se esgotará quando nem ele nem um preposto (“peralá, preposta!”, diria nossa presidenta) estiverem mais no poder.

E se o Lulão já é tão agressivo com a oposição estando no poder, imaginem fora dele? Acho que reagirão como a turma que foi apeada do poder por aqui. Se vão conseguir mobilizar alguma parte significativa da população para aprontar como a turma anda aprontando por aqui é outra história.

Inda outro dia li um texto num dos jornalões americanos onde um sujeito expressava certa perplexidade sobre idéias como socialismo, comunismo e quetais ainda encontrarem adeptos aqui por esses lados, quando já caíram de moda no mundo desenvolvido há tempos. Se ele lesse Roberto Campos, aprenderia que “quando uma ideologia fica velha, mas bem velhinha mesmo, vem morar na América Latina”.

1 comentários:

Luz Pereira disse... [Responder comentário]

Tenso!
Sobre o futuro brasileiro, como diria a queridinha Regina Duarte: "Tô com medo!" rsrsrs